Relacionar e (RE)significar o ar que respiramos, a água, as folhas, a madeira, a luz. Ensinar que “A natureza está em nós”, é ela que permeia e inspira desde a concepção do quintal Pé de Amora até os valores que se ancoram no dia a dia. A Natureza está presente nos estudos, nas escolhas dos materiais, na preparação dos territórios e ateliês, no brincar heurístico, nos planejamentos pedagógicos, nas coletas naturais de folhas, flores, galhos e sementes que viram elementos de investigação nas mãos das crianças.

   Estabelecer um espaço relacional é a base para um ambiente rico em informações, um todo formado de identidades diversas, com percepções em comum e harmonia com um conjunto de valores e referências que guiam de maneira a enxergar, ler, estudar, interpretar a realidade e representá-la com consciência crítica.

   Fornecer um ambiente flexível ao longo do tempo e manipulável, de bem-estar, estimulante, sereno, sociável e acolhedor, no qual cada criança faz parte de um grupo ao mesmo tempo em que tem espaços de privacidade para que possam obter uma pausa dos ritmos gerais.

   Propiciar por meio do brincar, a exploração de territórios preparados com a riqueza das experiências sensoriais, da multissensorialidade, que nada mais é do que a investigação e descoberta usando o corpo inteiro. Os territórios são organizados e pensados na qualidade estética e na qualidade de conexões, com o intuito de disparar a cognição e criação, fundamentais para os processos de construção de conhecimento e formação da personalidade.

   Possibilitar à criança a transformação em pequeno artesão que trabalha em conjunto, numa mesma obra ou para um mesmo indivíduo. Nos ateliês acontecem a expressão de sua cultura, de suas necessidades, vontades e principalmente, a internalização do tempo, das suas escolhas, dos espaços e materiais, manifestando suas criações e suas múltiplas linguagens.

   Quando somos crianças, nossa alimentação é voltada para o crescimento de nossos ossos, pele, músculos e órgãos, a culinária contribui para que as crianças se familiarizem com as propriedades nutritivas de cada alimento, com a natureza e, consequentemente, para que adquiram hábitos nutricionais mais saudáveis. Por ter tanto significado, é natural que as crianças levem essas experiências para brincar no quintal. Juntam suas panelas, colheres de pau e servem bolos, sopas, comidinhas enfeitadas de folhas e flores, cheias de beleza. Por todo esse viver, as crianças se vinculam ao espaço com aquilo que alimenta corpo, alma e memórias.

   Potencializar e vincular o Brincar Heurístico, uma nova abordagem desenvolvida por Elinor Goldschmied, suscitando o descobrir por si, o desvendar por meio de explorações. Esse modo de brincar espontâneo, segundo Paulo Fochi, é dividido em três diferentes modalidades: cesto dos tesouros, jogo heurístico e bandeja de experimentação. Cada um desses modos de brincar ocorre de maneira progressiva no caminhar da primeira infância e, neles, são priorizados materiais não estruturados, que não tenham um viés de brinquedo comercial preestabelecido. Assim, as crianças ganham uma enorme gama de possibilidades de experimentação com materiais de largo alcance.

   Valorar as vivências e aprendizados construídos no quintal Pé de Amora por meio da Documentação Pedagógica, está como estratégia que nos permitirá acompanhar e declarar nossas aprendizagens pessoais, do grupo e das crianças. Além disso, é possível refletir sobre nosso fazer enquanto professoras, narrar o cotidiano, as descobertas, transformações e a comunidade pode revisitar todo o processo de construção do conhecimento.

   Experimentar a arte de brincar por meio da música, dança e teatro é buscar a origem da criação infantil: as crianças brincam de serem pessoas ou coisas diferentes, destacando ou modificando a sua própria aparência. Interagir com diferentes amigos(a) as leva a imitar significativamente seus gestos, movimentos e expressões.

   O quintal Pé de Amora prioriza e potencializa a diversidade de conteúdos e repertórios que existem na literatura infantil, abrindo o universo da imaginação, fantasia, contos populares, histórias e narrativas criadas por adultos. Ouvir e ler histórias, olhar imagens, manusear livros são oportunidades para observar e escutar crianças em suas posturas, gestos, reações, preferências, na manifestação de emoções.